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Somos a E.B.Dr. Afonso Rodrigues Pereira e vamos publicar alguns dos textos que escrevemos,trabalhos que fazemos, notícias que tenhamos para dar... Também estamos na net!

24.6.08

AZUL PARA MARTE

José Saramago, Nobel da Literatura 1998, começou o início de um conto – UM AZUL PARA MARTE – que foi colocado na Internet para ser continuado pelos internautas. Começa mais ao menos assim:
Uma noite fiz uma viagem a Marte. Passei lá dez anos (se nos Pólos a noite dura seis meses, não sei por que não hão-de caber dez anos numa noite marciana) e tomei muitas notas sobre a vida que lá levam. (…) Uma coisa de que gostei em Marte é que não há guerras. Nunca as houve. (…) Em Marte ficaram impressionados ao saber que na Terra há sete cores fundamentais das quais se podem obter milhares de tonalidades. Lá só há duas: branco e preto (com todas as gradações intermédias) e eles desconfiaram sempre que haveria mais. Asseguraram-me que era a única coisa que lhes faltava para serem completamente felizes. E ainda que me tenham feito jurar que não falaria do que lá vi, tenho a certeza de que entregariam todos os segredos de Marte em troca do processo de obter um azul.

O Atelier de Escrita Criativa continuou a história…


1

Arkena disse: Não te esqueças, nada de revelar os segredos de Marte! A nossa comunidade, fechada em atmosferas quentes, conseguiu adquirir todas as felicidades que algum dia se poderiam alcançar. Apenas nos falta algo… cor… algo de novo ao nosso mundo, tal como vimos pelas nossas “Telessélites”. O vosso planeta é lindo!
Eu- Talvez!
Arkena - Mas e que tal se negociássemos algo, que nos pudesse “cordorolir”.
Eu – Colorir…
Arkena : Ah! Ok! Colorir o nosso mundo, juntamente com direitos para cada um?! Seria a revelação 3129! Sim, porque em relação ao planeta Terra, Marte estaria muito mais evoluído.

2

A minha missão era trazer as sete cores magníficas para Marte. Era uma
tarefa complicada, pois uma viagem de Marte para a Terra demorava muito! Pela manhã branca e cinzenta, parti no meu carro super náutico. Passei por todos os astros e cometas, por satélites e planetas desconhecidos.
À chegada à Terra, senti um grande alívio! Como era bom olhar e ver cores, alegria e fantasia!
Por outro lado, sentia saudade daquela calma e paz. Mas tinha de concentrar-me na missão, porque era o mais importante para Marte ser feliz e ainda tinha de pensar na recompensa! O que faria com todos os segredos dos Marcianos e daquele planeta desconhecido nas mãos?
Com a cabeça erguida, lá fui sem sequer imaginar o que me esperava pela frente…

3

Vou começar com a tentativa de dar cor ao planeta Marte! Vou levar comigo um diamantezinho vermelho para os meus amigos marcianos imaginarem tudo como poderia ser… com o vermelho. Mas vou ter de lhes dar a conhecer que, graças ao vermelho que corresponde ao Benfica, surgem também rivalidades entre as pessoas de vários clubes.
Mas como não quero que haja guerras e conflitos vou só lhes mostrar a magia da cor… Vamos pintar cada rua do vosso planeta com um pouco de vermelho para descobrir o significado da cor, que no nosso planeta, corresponde à do coração.
Algo que no vosso planeta já deve haver, mas falta a cor e eu vou ajudar-vos a colorir este lugar.

4

Cheguei à Terra e não tinha nenhuma ideia de como poderia ajudar os meus amigos marcianos, mas principalmente Arkena. Ela estava mesmo desesperada em poder descobrir como seria o amarelo.
Andei durante dias a tentar procurar algo amarelo que lhes pudesse mostrar. Pensei, pensei, que um dia andava a passear na rua e encontrei a bandeira da nossa pátria. Como ela era bela, retirei a esfera armilar, fiz as malas e lá fui eu mostrar-lhes como era belo e amarelo.


5
Naquela noite marciana, cinzenta e fria, deixei o aeroporto e logo de seguida fui conduzido por dois representantes daquele planeta do Hotel Marsiott.
Quando entrei naquele edifício fiquei deslumbrado com o luxo e grandeza do hotel. Mas havia algo que não estava bem. Desde as portas, passando pelas paredes e tecto e até o recepcionista, tudo era preto e branco. Apenas havia algumas tonalidades de cinzento.
Após ter vislumbrado o local da minha estadia, um marciano de meia-idade veio ter comigo e disse-me para o seguir. E fui seguindo-o, passando por corredores e salas enormes. Finalmente, quando já tinha os pés dormentes, chegamos à sala onde ia encontrar-me com Arkena, uma jovem marciana a que todos obedeciam. E acreditem, era uma marciana bem bonita. Ma isso é comigo!
Depois das apresentações, a bela marciana começou a falar-me da história do seu povo, das belezas de Marte, da economia, do desporto, da gastronomia, enfim, uma longa história! Já estava a ressonar quando finalmente me falou do assunto principal. E que assunto esse! Eles tinham tudo, eram ricos, não trabalhavam, não tinham guerras e nem sequer iam à escola, como nós. Mas faltava uma única coisa para tudo ser perfeito: as cores.
Alguns já tinham visto azul, mas não sabiam como a obter. Por isso pediram –me com lágrimas nos olhos para que lhes desse a fórmula do azul.
Pensam que sabia como se fazia uma cor? Mal sabia distinguir a mão direita da esquerda, não era o Einstein!
Depois de pensar alguns minutos, lembrei-me que na minha nave tinha um cachecol do Futebol Clube do Porto. Era a única coisa que eu tinha e que tinha azul!
Todos ficaram muito agradecidos e pediram-me para voltar mais vezes. O pior foi quando cheguei À Terra… Os Sportinguistas e os Benfiquistas não gostaram muito…

6

Depois das tentativas de Arkena para obter as cores do arco-íris, que felizmente foram bem sucedidas, os marcianos ficaram eufóricos, tal como eu esperava. Por todas as “Marwalks” havia marcianos a buzinar dos seus “Marcicars” ou a fazer a festa, dançando euforicamente ou mesmo a bater panelas exaustivamente das suas varandas, tal campeonato de futebol ganho cá por terras de Portugal. Todos estes festejos pela obtenção de uma coisa que nós, humanos, já há muito que temos, mas ignoramos: a vivacidade e o significado da Cor. Aquelas pessoas estereotipadas contemplavam as cores como se contempla um deus. Aqueles festejos durante mais dias do que os dedos das mãos conseguem contar e foram incomparavelmente mais sentidos que o festejo do fim das Guerras Mundiais na Terra. Mas depois tive de recusar um convite para Comandante de Marte, dizendo: “ Não, não vou por aí. Só vou por onde me levam os meus próprios passos. Não sei por onde vou, não sei para onde vou. Sei que não vou por aí. A minha glória e o meu orgulho são aquela esfera lá adiante, a Terra. Talvez volte. De agora até sempre. Estarei sempre com vocês, mesmo que não esteja com vocês. Bem-hajam vocês, Marcianos. Felicidades.” E assim parti em direcção ao meu tão querido planeta Terra.



Ana Gaspar, Daniela, Débora, Mihai, Diva, João Gonçalo (9ºC)
Junho de 2008