A BELA CONCEIÇÃO

Estava a Bela Conceição,
Na sala dos professores assentada,
Com o seu livro de ponto
Os alunos ela castigava.
Deitou os olhos à janela
Viu na estrada uma bicicleta
Mendigo que nela vinha
Tinha pé de atleta.
- Diz-me, ó mendiguinho,
Se com essa bicicleta
Encontraste meu namorado
Numa pobre barraquinha.
- Por aí anda tanto mendigo
Nas barracas pobrezinhas
Diz-me tu, ó senhora,
As senhas que ele tinha
- Levava cuecas, camisa
E óculos sem lentes
No bolso da camisa
Metade de um pão levava.
- Pelas senhas que me deste
Lá o vi num colchão
Morreu de frio e de saudade
E roubaram-lhe o camião.
- Ai triste de mim, sozinha
Ai triste de mim, coitada
Já perdi o namorado
E já se foi o dinheirinho.
- Que darias tu, senhora
A quem no trouxera aqui?
- De três cuecas que tenho
Todas três te dera a ti.
- Tuas cuecas não as quero
Que darias mais senhora
A quem to trouxera aqui?
- Os vinte alunos que tenho
Todos eles te dava a ti.
- Teus alunos não quero
Não nos quero para mim.
Dá-me outra coisa senhora
Se queres que o traga aqui.
- Não tenho mais nada que dar
Nem tu mais que me pedir
Adeus até à próxima
Assim me vou despedir.

Rafael Pereira, 6º A

outra BELA INFANTA

Bela Catarina

Estava a Bela Catarina
Na praia deitada,
Com óculos de sol
E pele bronzeada.
Deitou os olhos ao mar
Viu vir um barco pirata;
Capitão que nele vinha,
Muito bem que o guiava.
- “Diz-me ó capitão
Desse teu barco pirata,
Se encontraste meu namorado
Que no mar surfava.”
- “Anda tanto surfista
Naquele mar bravio…
Diz-me tu, ó senhora
O fato que ele vestiu.”
- “Levava fato azul,
Prancha prateada, …
Na ponta de suas barbatanas
Uma foto minha levava.”
- “Pelos sinais que me deste
Lá o vi na rocha deitado,
Numa onda foi levado
E pela areia enrolado.”
- “Ai triste de mim miúda,
Ai triste de mim coitada!
De tantos namorados que tive
Sem nenhum durar nada!...”
- “Que darias tu, senhora,
A quem to trouxera aqui?”
- “Dava-lhe protector solar
Que nenhum há por aqui.”
- “Não quero protector solar,
Não o quero para mim:
Que darias mais, senhora
A quem to trouxera aqui?”
De três fatos de banho que tenho,
Todos três tos dera a ti;
Um laranja amarelado,
Outro da cor do mar:
Ricas cores que têm!
Tomara-os ter para si.”
- “Os teus fatos de banho não quero
Não os quero para mim:
Que darias mais, senhora,
A quem to trouxera aqui?”
- “Os meus óculos mais caros,
Que são de alta categoria.”
- “Os teus óculos mais caros,
Não os quero para mim:
Que darias mais, senhora,
A quem to trouxera aqui?”
- “De três toalhas de banho que tenho,
Todas três tas dera a ti:
Uma para te secar,
Outra para te aquecer,
A mais bonita de todas
Para contigo viajar.”
- “As tuas toalhas de banho
Não são úteis para mim:
Dá-me outra coisa, senhora
Se queres que o traga aqui.”
- “Não tenho mais que te dar,
Nem tu mais que me pedir.”
Tudo, não, senhora minha,
Que ainda não te deste a ti.”
- “Marinheiro que tal pede,
Que tão vilão é de si,
Por meus vilões arrastado
O farei andar aí
Ao leme do teu barco,
À volta deste mar.
Salva-vidas, os meus salva-vidas,
Acudi-me agora aqui!”
- “Este anel de sete pedras
Que eu contigo reparti…
Que é dela a outra metade?
Pois a minha vê-la aí!”
- “Tantos anéis que tirei,
Tantos anéis que recebi,
Deus te perdoe, amigo,
Que o namoro acaba aqui.”

Rita Alexandra Borges Guimarães Meneses Leitão
6ºA Nº21